A publicação de hoje irá abordar um tema muito comum e visível aos olhos de todos: São os recicladores de rua. Sim, aqueles com as carrocinhas, que ficam revirando lixo na rua procurando por papelões, latinhas de alumínio. Essa visão já faz mais do que parte do nosso cotidiano. Quem nunca viu uma pessoa praticamente entrar numa lixeira pra pegar latinhas, pets ou papelão? Bom, o fato é que o número de pessoas que dependem disso pra sobreviver é muito maior do que a gente imagina. Não existem números exatos, mas segundo dados fornecidos pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) calcula-se que existam de 300 mil a 1 milhão de catadores em atividade no país.
A população brasileira gera diariamente cerca de 126 mil toneladas de lixo de consumo (excluindo dejetos industriais e empresariais). Não fossem os catadores, essa impressionante pesagem de lixo acabaria integralmente em aterros sanitários e lixões.
Os Catadores - são geralmente pessoas que não tem emprego, e algumas não possuem moradia, muitos são confundidos com mendigos ou marginais, sobrevivem vendendo os materiais recicláveis que "catam por aí". A maioria deles chega a percorrer cerca de 30 quilômetros por dia, com suas carrocinhas, debaixo de chuva e sol, puxando até 400 quilos (o peso da carroça cheia), e tudo isso para ganhar de um a dois salários mínimos por mês . O que as pessoas não se dão conta é que esses "catadores" na verdade prestam um grande serviço à sociedade. Na cidade de São Paulo, por exemplo, cerca de 20 mil catadores desviam dos lixões oito mil quilos de materiais por dia ( dados de 2007).
Vale saber que: neste processo temos vários problemas embutidos nessa atividade como por exemplo; o contato dos catadores com os lixões, sem cuidados com a higiêne e comprometendo sua saúde e integridade física por conta de objetos cortantes (vidros quebrados, madeira, pregos, plasticos rígidos entre outros). Muitas vezes essas pessoas não usam calçados ou roupas adequadas para manipular os resíduos por falta de condições ou de informação, e ainda por cima, comem alimentos achados no lixo. Temos também as
crianças envolvidas nesse quadro em igual situação à de seus pais que muitas vezes levam junto os seus filhos para ajudarem na caça aos materiais recicláveis". Famílias inteiras recolhendo juntos os materiais. E geralmente eles só recolhem latinhas de refrigerantes, papelão, pets e objetos de ferro, devido à facilidade de comercialização.
Os atravessadores se aproveitam da frágil estrutura organizacional dos catadores e abocanham 75% do faturamento gerado pela reciclagem, segundo dados do
Instituto Polis. E os catadores, por sua vez, sem conhecimento, ficam com apenas 25% da receita (e com todo o trabalho pesado é claro). Será vale a pena? Na maioria dos casos, não se trata de escolha, e sim de luta pela sobrevivência. Quem não consegue empregos melhores, mas tem família para criar, acaba virando catador.
Apesar da insalubridade, da repugnância da sociedade à quem mexe no lixo, do desprestígio social e da baixa remuneração, o dinheiro para atender necessidades latentes, vêm em curto prazo. É por isso que proliferam-se, pela maioria dos centros urbanos do País, as cooperativas de catadores de materiais reciclados. Organizados, os catadores têm obtido resultados expressivos no sentido de melhorar suas condições de trabalho e sua remuneração.
Bom, onde queremos chegar?
*Nas "Cooperativas de Catadores"
*O QUE É UMA COOPERATIVA?
Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida. As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.
"A cooperação como meio de sobreviver à crise"
Na Inglaterra, na época da Revolução Industrial, existiam muitas fábricas cheias de operários carregados de problemas e necessidades, pois enquanto as fábricas prosperavam, os operários viviam quase na miséria: muitas horas de trabalho, salário muito baixo, desemprego, fome, etc. E então, em meio a todos estes problemas, alguns operários resolveram se reunir para procurar uma solução e sentiram que só através da cooperação poderiam sobreviver à crise. Através da União de 28 tecelões (operários), é criado um pequeno armazém cooperativo de consumo: a "Sociedade dos Eqüitativos Pioneiros de Rochdale". E aí foi lançada a semente do Cooperativismo, em Rochdale, 1844.
Princípios do Cooperativismo
1 - Adesão Livre As portas de uma cooperativa devem estar sempre abertas a entrada ou saída de pessoas de uma determinada categoria que partilham objetos comuns, bastando ao interessado que respeite o Estatuto Social estabelecido pelo grupo.
2 - Singularidade do Voto "Um homem, um voto", diz o princípio. Independente do número de cotas possuídas, cada cooperado tem direito a apenas um voto. Cada um vale pelo que é e não pelo que tem.
3 - Controle democrático Na Cooperativa, as decisões devem representar sempre a vontade da maioria.
4 - Neutralidade Nenhum tipo de discriminação política, social, religiosa ou racial será aceita na cooperativa. Todos são iguais.
5 - Retorno das sobras A cooperativa não visa lucro, pois sua principal missão é o beneficio do cooperado. Porém, como organização econômica, tem receita e despesas, podendo ter perdas ou sobras. As perdas poderão ser cobertas pelos cooperados, em rateio, bem como as sobras poderão ser distribuídas.
6 - Educação Permanente A realização dos princípios do cooperativismo e dos objetivos da cooperativa requer educação permanente, que as cooperativas devem prover.
7 - Cooperação Intercooperativa Como o cooperativismo é uma proposta social abrangente, cooperar com outras cooperativas é natural e essencial.
PORQUE FALAMOS EM COOPERATIVA DE CATADORES?
Por causa dos inúmeros "Benefícios Sociais e Ambientais" que elas trazem, empregando milhares de pessoas, diminuindo o impacto ambiental pela destinação responsável e ambientalmente correta dos resíduos sólidos urbanos recicláveis. Ou seja, milhares de toneladas deixam de ir para os lixões e aterros sanitários (já superlotados). Há inúmeras vantagens nessa forma de trabalhar, veja as principais
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Segurança para os Cooperados: Por serem mais organizadas do que os catadores, as cooperativas acabam conquistando a simpatia da vizinhança: “Oras, a cooperativa transforma potenciais marginais em trabalhadores comuns”. A vizinhança, por sua vez, tende a retribuir, firmando convênio para coleta de materiais ou simplesmente entregando os recicláveis em seus depósitos.
Os cooperados trabalham em local com estrutura própria para espaço para recebimento e separação de materiais, com roupas e assessórios de proteção individual como: uniformes, luvas, botas, luvas especiais para manipular vidros, madeiras e demais materiais cortantes. Equipamentos estes que diminuem em 90% o risco de infecções adquiridas no manuseio do material. Oferecem também banheiro, refeitório (em muitos casos com direito a almoço).
Apoio de Grandes Entidades Comerciais:
Grandes redes de comércio preocupadas com o meio ambiente e com o descarte do lixo de sua empresa, destinam em forma de doações todo o material reciclável para as cooperativas organizadas de reciclagem. Para as empresas que possuem essa visão, acaba sendo uma solução mais econômica de descartar seus resíduos e diminuir o impacto ao meio ambiente. (pena que algumas empresas ainda não perceberam essa vantagem, e é nesse vão que a
ONG PUERAS entra em ação.)
Renda Garantida para os Cooperados e suas Famílias:
O grande volume de materiais coletados pela cooperativas permite que os preços sejam melhor negociados, seja com indústrias que utilizarão o material como matéria-prima, seja vendendo a atravessadores. Em muitos casos a cooperativa dispensa a presença dos atravessadores, pois possui estrutura suficiente para negociar direto com o cliente final.
Benefícios Sociais:
As principais vantagens de ser um cooperado:
*Retirada de catadores das ruas, dos lixões e de diversas situações insalubres;
*Ingresso ou retorno das crianças à escola;
*Capacitação, e alfabetização dos trabalhadores;
*Trabalho organizado;
*Melhora na auto-estima dos trabalhadores;
*E principalmente: Respeito e Valorização do Ser-Humano.
Complementando a Renda:
Não é raro ver famíliares de cooperados manufaturando os materiais, transformando-os em peças de artesanato, peças decorativas, mobiliário, dentre outras coisas, e vendendo na própria cooperativa, complementando ainda mais a renda.
Bom, espero que esta publicação tenha dado à vocês uma pequena noção do que são as cooperativas de reciclagem e o bem enorme que elas podem trazer à sociedade e amo meio ambiente. Por hoje é só!
Fonte das estatísticas: How Stuff Works