É sabido que o óleo de cozinha é um resíduo que provoca grande impacto no meio ambiente e a maioria das cidades brasileiras ainda não possuem uma forma adequada para o descarte desse material.
O óleo de cozinha também é o responsável por gerar prejuízos às residências (já que é o grande responsável pelo entupimento de encanamentos), além de provocar graves problemas de higiene e mau cheiro.
Muitos estabelecimentos comerciais (restaurantes, bares, pastelarias, hotéis) e residências deitam o óleo de cozinha usado na rede de esgoto, com consequente entupimento da mesma e mau funcionamento das estações de tratamento.
Para retirar o óleo e desentupir são empregados produtos químicos tóxicos, com efeitos negativos sobre o ambiente.
O óleo - por ser mais leve que a água - cria uma barreira na superfície da água que dificulta a entrada de luz e a oxigenação, comprometendo assim, a base da cadeia alimentar aquática, os Fitoplânctons.
Descartar o óleo inadequadamente na natureza, tem ainda um papel importante no aumento do número de enchentes em áreas urbanas, pois causa a impermeabilização do solo.
Segue receita de sabão caseiro feito à partir da reciclagem do óleo de cozinha:
*Materiais:
-1 kg de soda cáustica (NaOH)
-2 litros de água
-4 litros de óleo de frituras (excepto de peixe)
-1 litro de álcool
-5 ml óleo essencial
-elementos decorativos, como ervas aromáticas (exemplo: camomila), especiarias (cravo, canela), flores secas, conchas, etc.
-balde
-colher de pau
-caixote de madeira forrado com um pano limpo ou formas de silicone, acetato ou recipiente plástico
*Procedimento:
- Coloque no balde, 1 kg de soda cáustica e 2 l de água quente. Misture com uma colher de pau até diluir totalmente.
- Junte 4 litros de óleo de frituras. Continue mexendo com a colher de pau, durante cerca de 20 minutos.
- Acrescente 1 litro de álcool, óleo essencial (caso pretenda que o seu sabão fique perfumado) e elementos decorativos* adicionais a gosto.
- Misture tudo até se obter a consistência de pasta.
- Despeje esta mistura num caixote de madeira forrado com um pano limpo ou nas formas pretendidas.
- Acomode a pasta no caixote.
- Deixe secar totalmente e corte os pedaços de sabão no tamanho desejado.
- Embrulhe o sabão no papel-filme.
*Quando o produto utilizado para decorar o sabonete for muito leve e flutuar na forma (como folhas e pétalas secas), recorra à seguinte técnica de pré-colagem:
-Prepare a pasta sem ter adicionado os elementos decorativos mais leves.
-Coloque a decoração na forma ou no caixote de madeira e despeje a pasta até metade da forma. As folhas flutuarão.
-Com a ajuda de um palito, coloque a decoração na posição desejada.
-Espere 1 minuto ou até que se forme uma película. Preencha, então, a forma com o resto da pasta e proceda como especificado nos procedimentos.
Resenha histórica
2800 a.C. - Primeiras evidências de um material parecido com sabão encontradas em cilindros de barro (datados de aproximadamente 2.800 a. c.), durante escavações da antiga babilónia. As inscrições revelam que os habitantes ferviam gordura juntamente com cinzas, mas não mencionam para que o "sabão" era usado.
600 a.C. – os fenícios usavam terra argilosa contendo calcário ou cinzas de madeira (sabão pastoso).
De acordo com uma antiga lenda romana, a palavra saponificação tem a sua origem no Monte Sapo, onde eram realizados sacrifícios de animais. A chuva levava uma mistura de sebo animal (gordura) derretido, com cinzas e barro para as margens do Rio Tibre. Essa mistura resultava numa borra (sabão). As mulheres descobriram que usando essa borra, as suas roupas ficavam mais limpas. Os romanos passaram a chamar essa mistura de sabão e à reacção de obtenção do sabão de Saponificação.
Séc. I d.C. – Gaius Plinius Secundus (23 ou 24-79 d.C), autor da História Natural, menciona a preparação do sabão a partir do cozimento do sebo de carneiro com cinzas de madeira. O procedimento envolve o tratamento repetido da pasta resultante com sal, até ao produto final. Segundo Plínio, os fenícios conheciam a técnica desde 600 a.C.
Séc. II d.C. - o médico grego Galeno (130-200 d. C) descreve uma técnica segundo a qual o sabão podia ser preparado com gorduras e cinzas, apontando sua utilidade para a remoção de sujidade corporal e de tecidos mortos da pele.
Século IV - o sabão é usado em Roma apenas para lavar os cabelos.
Séc. VIII - o alquimista árabe Geber (Jabir Ibn Hayyan) menciona o sabão como agente de limpeza
Séc. XIII - aparece o sabão sólido, quando os árabes descobrem o processo de saponificação (mistura de óleos naturais, gordura animal e soda cáustica que depois de fervida endurece).
Séculos XV e XVI - várias cidades europeias tornam-se centros produtores de sabão, na época um produto de luxo, usado apenas por pessoas ricas.
Séc. XVIII - primeira patente do processo de fabricação de sabão; o químico francês Nicolas Leblanc consegue obter soda caústica do sal de cozinha e, pouco depois, cria-se o processo de saponificação das gorduras, dando um grande avanço na fabricação de sabão.
Séc. XIX - o químico James Gamble descobre como produzir sabão branco, cremoso e perfumado. O seu primo Harley Procter (dono de uma fábrica de velas e sabão) passa a promover esse sabonete, prevendo que com a electricidade, o seu negócio de velas poderá acabar. Durante este século surgiu também o Sabonete "Roger & Gallet" o primeiro sabonete redondo, envolto artesanalmente em papel drapeado.
Actualmente, o sabão apresenta várias formas, tipos, tamanhos e cores.
O sabão é obtido de gorduras (de boi, de porco, de carneiro, etc.) ou de óleos (de algodão, de vários tipo de palmeiras, etc.). O sabão praticamente neutro, que contém glicerina, óleos, perfumes e corantes, é o sabonete.
A glicerina é um subproduto da fabricação do sabão, também vendido nas fábricas de sabão. Este sub-produto é adicionada aos cremes de beleza e sabonetes (permite manter a humidade da pele) ou a produtos alimentícios (mantém a humidade do produto).
O sabão permite remover certos tipos de sujidade que a água, sendo polar, não consegue remover, como restos de óleo, apolares. O sabão exerce um papel importantíssimo na limpeza porque possui uma cadeia apolar, capaz de interagir com o óleo e uma extremidade polar, capaz de interagir com a água, conforme representado na figura abaixo.
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