Um terço das 120 toneladas de lixo reciclável que a Prefeitura de São Paulo diz recolher em 74 dos 96 distritos diariamente é desperdiçado. Essa quantidade representa cerca de R$ 250 mil por mês e mais de R$ 3 milhões por ano.
O cálculo é do presidente do Instituto Brasil Ambiente e autor do livro Os bilhões perdidos no lixo, Sabetai Calderoni. A conta leva em consideração os preços na venda dos materiais para empresas recicladoras.
O desperdício ocorre porque as garrafas PET, o papel, as embalagens plásticas e longa vida e o vidro são retirados das ruas e colocados em caminhões compactadores, que prensam o conteúdo. "Esse tipo de caminhão não deveria ser usado. A perda é grande porque o lixo vira uma paçoca e não tem como recuperar. O material suja, quebra, fica prensado", afirma a coordenadora de ambiente urbano do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Polis), Elizabeth Grimberg. Por dia, não são aproveitadas 42 toneladas de lixo. O ideal para fazer a coleta do material, segundo Elizabeth, são os caminhões gaiola, pelos quais o material é transportado sem ser amassado.
"A cidade está pagando caro por aterros, quando boa parte do lixo poderia ser reaproveitada", afirma Calderoni. Por mês, a Prefeitura paga R$ 48 milhões às concessionárias Ecourbis e Loga, responsáveis pela coleta, transporte e destinação final do lixo. O valor inclui gastos com dois aterros particulares e a coleta seletiva.
Nas cooperativas, o lixo que chega nos caminhões compactadores leva muito mais tempo para ser separado. Segundo Luzia Maria Honorato, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em média um cooperado consegue fazer a separação de 3 toneladas de lixo por mês. Sabetai diz que o ideal seria 10 toneladas. "A quantidade poderia ser muito maior se o material chegasse inteiro e menos compacto", conta Maria.
A Loga e a Ecourbis afirmaram, por meio de nota, que os compactadores são exigidos no contrato com a Prefeitura.
Coleta falha. Além do desperdício, a cidade enfrenta ainda problemas no serviço de coleta seletiva, que se agravou em maio.
As concessionárias alegam que as cooperativas não estão dando conta do processamento do material. "Há uma precarização geral do serviço. A cidade tem 18 cooperativas com mil trabalhadores. É pouco. Elas ainda recebem o lixo misturado. A cidade não investe na coleta, não amplia o número de cooperativas", afirma Jutta Gutberlet, pesquisadora e coordenadora do projeto Brasil-Canadá para reciclagem. "A reciclagem na cidade é apenas um fingimento", critica Sabetai.
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Um comentário:
O MNCR , não representa toda a categoria , na verdade só representa alguns .... se forem catadores !!!
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